Pistas para uma Educação Positiva
“Educar é semear com sabedoria e colher com paciência”
Augusto Cury
Poderemos começar por assinalar algumas práticas tradicionais, tantas vezes analisadas na minha prática clínica com as famílias.
Uma palmada na hora certa não é uma boa prática de educar?
Não, nunca. A disciplina deverá servir para ajudar a criança a aprender a controlar o seu próprio comportamento. A palmada servirá para controlar o comportamento da criança, pela submissão, medo ou dor, não ensina a criança como deve mudar o seu comportamento.
Uma palmada não ensina à criança quem manda cá em casa?
A criança deve perceber quem, em casa, tem a responsabilidade de estabelecer as regras, quem garante a segurança, felicidade e estabilidade em casa, o adulto cuidador, pai e/ou mãe. Pelo contrário, o ato de bater ensina à criança que, quem manda é quem tem poder e é mais forte, o que poderá direcionar o comportamento não ajustado para fugir, mentir ou esconder o que fez.
Por último, Castigar fisicamente não ensina a criança que não se poderá” comportar mal” no futuro?
Sabe-se que a criança poderá ficar receosa de voltar a fazer o mesmo frente ao adulto, no entanto não ensina alternativas de comportamento, podendo originar comportamentos desajustados quando os pais não estiverem por perto.
Fica então a questão, se eu não bater/castigar o meu filho, então o que posso eu fazer, para o ensinar a não repetir o “erro”?
É frequente ouvir o desabafo dos pais: “Eu já tentei de tudo… tirei a televisão, o telemóvel, os brinquedos… deixou de ir aos treinos de futebol, porque não cumpre as regras de casa, nem está a portar-se bem na escola. Já o fechei no quarto de castigo, (etc)… só consigo controlá-lo a bater-lhe, mas só lhe dou umas palmadas no rabo, nada de mais”
Não sei se aqui os pais conseguem perceber que o que estão a fazer é mais do mesmo, são diferentes no formato e na aplicação, mas serão semelhantes na sua natureza. Neste caso, são todas diferentes formas de castigar. E com isto, não estou a dizer não ao castigo, mas como técnica de saúde mental posso afirmar que, terá melhores resultados utilizar técnicas que se foquem no reforço de “bons comportamentos”, ou seja apostar as fichas nas recompensas, do que esforçar-se em criar alternativas de “mais do mesmo”, pois poderá ser contraproducente repetir a mesma coisa e esperar alcançar resultados diferentes!
Poderemos então procurar refletir em algumas linhas alternativas de ação:
Apresentar regras simples e compreendidas pela criança;
Ser um exemplo para o seu filho, em vez do “faz o que eu digo”, tentar o “faz como eu faço”;
Se aumentar o reconhecimento/elogio das iniciativas da criança que correm bem, esta vai querer repetir para ter a sua melhor atenção;
Tentar ignorar, ao máximo, o mau comportamento, retirando-lhe força, e incentivando e reconhecendo todos os comportamentos que quer que a criança repita;
Utilize estratégias distrativas, para evitar “braços de ferro”, procurando usar muito humor para conseguir desbloquear situações complexas;
Permita à criança ter alguma margem de escolha, dando-lhe, sempre que possível duas alternativas para ele escolher uma delas;
Se considerar aplicar castigos, que estes tenham por base as consequências naturais do comportamento da criança; por exemplo podem ter retirados privilégios que, entretanto, tenha ganho por se “portar bem e fazer as tarefas combinadas”!
E por fim, se não se sente capaz de manter a calma depois de contar até 10, ou 50 ou 100, pedir ajuda ao outro cuidador (pai/mãe) que mantendo a calma, utilize uma ou duas ou três estratégias, alguma irá funcionar.
O acreditar que é possível mudar, será sempre o primeiro passo nessa mudança!
Para explorar alternativas e desenvolver estratégias eficazes, procure ajuda junto de um dos nossos especialistas, marque consulta!
(leia e partilhe esta informação, a sua ajuda é importante)
Ana Paulico
(Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde)
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